Entre dezembro de 1991 e julho de 1993, período que contemplou boa parte da turnê "Use Your Illusion", o Guns N' Roses excursionou com uma série de músicos de apoio. As backing vocals Roberta Freeman e Tracey Amos (esta última, substituída por Diane Jones em algumas datas), as saxofonistas Cece Worrall e Lisa Maxwell, a trompetista Anne King e o tecladista, percussionista e gaitista Teddy Andreadis se apresentavam junto da banda naquela época.
Nenhum deles fazia parte da formação oficial, composta por Axl Rose no vocal, Slash e Gilby Clarke (que também entrou em dezembro de 1991) nas guitarras, Duff McKagan no baixo, Matt Sorum na bateria e Dizzy Reed nos teclados e percussão. Porém, esses músicos de apoio exerciam funções importantes no palco e, por vezes, estavam em destaque.
Em entrevista à Rolling Stone, uma das backing vocals, Roberta Freeman, contou como era trabalhar com o Guns N' Roses naquele período. Ela comentou que não era fã da banda quando recebeu o convite, mas que passou a admirar o trabalho deles conforme os conhecia
"Quando fui chamada, claro que já havia ouvido falar deles, mas não era uma fã. Quando entrei na turnê, esperava que fossem pequenos bad boys do rock and roll zoando por aí, não levando nada a sério, pois eram jovens. Porém, vi que Axl levava muito a sério a questão vocal, seus exercícios e disciplina. Ele estava malhando e comendo de forma saudável, determinado a ser o melhor que poderia ser", afirmou.
Roberta destacou, ainda, que se impressionou com o preparo físico de Axl Rose. "Ele cantava enquanto corria no palco. Uma coisa é cantar e dançar, porque você fica mais parado, perto o bastante do microfone. Axl corria por aquelas rampas íngremes no palco, que não era pequeno. Cantava em falsete, depois vinha com uma bela voz de barítono. Fiquei muito surpresa", disse.
Boa parte da turnê "Use Your Illusion" foi documentada por uma equipe de filmagem. Esse material nunca foi lançado, embora alguns trechos estejam presentes no vídeo ao vivo "Use Your Illusion", com show gravado em Tóquio. Roberta Freeman relembrou como era viajar com aquelas câmeras todas e até contou que tentavam filmar as backing vocals trocando de roupa.
"(Risos) Lembro que sempre tentavam colocar as câmeras no camarim quando estávamos nos vestindo! Batíamos a porta na cara deles. Filmavam tudo, desde a chegada ao avião, passando pelos bastidores quando nos preparávamos. Era tudo e parecia uma eternidade. Não lembro se começaram de imediato, acho que entraram no meio da turnê, mas lembro que era chato às vezes. Parecia invasivo, mas estavam documentando aquele período. Agora, é um período histórico. Uma das mais longas turnês do rock and roll", afirmou.
No Guns N' Roses pelo Cinderella
Além do Guns N' Roses, Roberta Freeman também trabalhou com Pink Floyd (e a banda tributo Brit Floyd), Cinderella, Lou Reed, Nile Rodgers e Joe Cocker, entre outros. O trabalho com o Guns foi o que a deixou mais conhecida, porém, provavelmente, ela não teria entrado se não fosse pela "gig" com o Cinderella, durante a turnê de "Heartbreak Station".
"O Cinderella me contratou e chamou Diane Jones também. Fizemos a turnê toda e foi muito legal, aqueles caras eram como irmãos. Aparentemente, Fred Coury (baterista) era muito amigo de Slash, que contou a ele que Axl queria tentar cantoras na banda. Fred disse que havia terminado a turnê, então, sugeriu me convidar. Quando Slash me chamou, eu já trabalhava com esses grandes artistas, então, não foi aquela grande surpresa que muita gente pode ter pensado que foi", disse.
Com o Guns N' Roses, por trás do glamour das arenas lotadas, existia um grande estresse relacionado ao trabalho: a turnê foi muito longa, percorreu o mundo todo e os atrasos eram comuns. "Sabíamos que se estava marcado para 20h, atrasaria para 22h, pelo menos. Lembro que começava 0h às vezes. Ficava pronta, aquecida e tentava não ficar com sono. Havia um grande palco e os camarins ficavam embaixo dele. Ficávamos curtindo, jogando cartas", afirmou.
Roberta era, inclusive, a responsável por treinar a outra backing vocal, escolhendo as partes de canto e as coreografias. "Eu não cantava em todas as músicas porque sabia que era demais. Escolhi uma certa quantidade. Axl mexia no repertório toda noite. Geralmente, em outras bandas, havia um repertório impresso para seguir, mas Axl não era assim. Estávamos no camarim por vezes e, do nada, ouvíamos 'November Rain', aí Tracey e eu corríamos para o palco e começávamos. Era empolgante, espontâneo", disse.
Fonte:- Por Igor MIranda (Whiplash)